domingo, 27 de novembro de 2011

Kokoro


Ai, quando menos se espera, vem aquele friozinho na barriga. O não saber o que falar e aquela insegurança. Um desejo imensurável e a sensação de que estou agindo feito criança. Como se quase 23 anos e toda minha experiência não fossem nada em algumas situações. E eu não tenho controle da situação.

...

Sábado de manha fui pra aula esperando prova, e no lugar disso encontro um rapaz falando pra sala sobre o shodo e o significado de alguns kanjis. Friamente, a tradução de kokoro seria coração. Mas, para quem entende realmente o japonês e seus kanjis compreende que essa palavra é mais do que coração, é algo entre coração, corpo e intelecto.

Kokoro. Acho que isso diz tudo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Quando quero alguém é quase rezar para que o bendito adivinhe

-E como foi o teatro?
-Teatro? Quando?
-... Hoje??? Meu Deus, tirem esse copo dessa mulher...


(...)

A primeira regra não dita da noite era "não seja você". Entrarás por aquela porta e colocarás uma máscara. Vista sua personagem e espere.

Eu que nunca fui de pegar o dito mas não dito demorei para vestir a personagem. Demorei muito. Era tudo muito familiar mas tudo muito diferente. Eu lembrei por um momento das minhas poucas aulas sobre corpo neutro e interpretação de personagens. Lembrei e fiquei por um bom tempo neutra. "Festa estranha com gente esquisita?" - não, não era bem isso... Mas, diferentemente das outras noites, das outras baladas, naquela noite eu não fui abordada ou paquerada por homens...(tirando raras exceções)

-Você precisa se soltar - disse meu amigo.

-Eu sei, mas ninguém chegou em mim.

-Ahhhh, querida...Vai lá, lance uns olhares! O pessoal passou te olhando...

Olhares? Paquera? É engraçado repensar o assunto e ter consciência de que eu sou um zero a esquerda quando o assunto é paquera. Em parte por ser tímida e em parte por ser orgulhosa. Quando quero alguém é quase rezar para que o bendito adivinhe - porque eu não darei dicas, não lançarei olhares ou indiretas...

Eu estava numa situação nova, fazendo algo que nunca fiz antes: paquerando. Minha personagem lançava olhares de interesse até que... até que alguém respondeu por diversas vezes meus olhares! Mas se aproximar o bendito não se aproximava... O que fazer então?

Pode parecer simples para talvez todo o resto da população: chegue no rapaz. Mas, a minha pergunta interna era: como? Eu odeio as abordagens masculinas que começam com: puxões de cabelo, me pegar pela cintura, me puxar pelo braço... Então a questão na verdade era: como chegar sem ser agressiva?

Bom, a minha tentativa então foi: primeiro, continuar com os olhares; segundo, ir me aproximando. Fui aos pouquinhos. Fui me aproximando, dançando cada vez mais perto do corpo daquele homem e... Um beijo. Um beijo beeeem bobo, sabe?

Conclusão da noite: beijar homem gay nem sempre compensa...


Obs.: passei muito tempo sem escrever, logo, não sei se estou muito boa para contar histórias...

domingo, 2 de outubro de 2011

Nunca se sabe para onde te leva o abismo. E eu tenho medo de tudo aquilo que é inseguro.

Sou uma romantica. E ainda me dizem que isso é bom? Bom em que mundo, em que realidade? Talvez, em outra realidade isso fosse bom. Mas os romanticos esperam demais, sonham demais, idealizam demais. É doloroso. Eu quero muito, desejo muito. Sinto muito. Talvez se eu fosse mais anestesiada, quem sabe? Talvez se minha pele fosse mais dura e meu estomago mais insensivel. Mas eu não sou assim, e quase na maioria do tempo, eu não quero ser assim. Quero sentir mais, amar mais, desejar mais. Quero experiências plenas e vivências, indiferente de que o final seja bom ou ruim - feliz ou triste. Quero conseguir me jogar em todo abismo que me aparece na vida. Porque se o abismo é escuro e profundo, também é impossivel de se dizer o que se encontrará por lá. E se a minha felicidade estiver dentro de um abismo? Como fico eu?


Nunca se sabe para onde te leva o abismo. E eu tenho medo de tudo aquilo que é inseguro - o que de fato, eu sei, é ruim. Nós seres humanos nos enganamos frequentemente ao acreditar que alguma coisa nessa vida possa nos trazer segurança. Buscamos segurança no outro ao assumir a pessoa como namorado. A gente acha que o "título" namorado, irá impedir da pessoa ir embora. Ahhh, como nos enganamos com facilidade! Não existe segurança, pelo menos não esse tipo de segurança. Queremos casa própria e um bom emprego. E para quê?


A busca pela segurança enfraquece nossas experiências, ou mais: faça com que fujamos da experimentação.


Eu sou fraca com a minha insegurança. Eu sou tola com a minha timidez. Talvez o problema não seja ser romantica, mas sim, a falta de outras caracteristicas em mim... Talvez se eu fosse mais forte e não temesse a do...


A dor é eminente a todo ser que se deixa abrir a real experimentação do mundo.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Palavras...

Eu sou uma sentimental que analisa virgulas - veja bem. Eu não analiso somente as palavras, mas até as virgulas! Você já parou para pensar que já chorei por causa de virgulas? Ou por causa de palavras tão pequeninhas que deveriam ser insignificantes? Se valorizássemos as palavras por seu tamanho, quem iria acreditar no enorme poder de palavras como "sim" ou "não"?

sábado, 20 de agosto de 2011

Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar.

"Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.
E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como?não sei.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais".

(Clarice Lispector)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Tem gente querendo me podar, tem gente querendo me castrar, tem gente querendo me catequizar!

"A mão que toca um violão
Se for preciso faz a guerra
Mata o mundo, fere a terra
A voz que canta uma canção
Se for preciso canta um hino
Louva a morte"
(Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle)

Depois de dois dias de "terapia intensiva", tenho que desabafar: tem gente querendo me podar, tem gente querendo me castrar, tem gente querendo me catequizar! O pior de tudo é que de início eu nem percebi, sabe? Chegam de mansinho, como se não quisessem nada, falam que querem o melhor para você. Mas não respeitam aquilo que você é.

Querendo ou não, parece um projeto de destruição da minha individualidade. E o sentimento que fica, que me fica, é que estão tentando me derrubar, me por pra baixo...

Olha, cansei. Já fiquei triste, já chorei, já discuti. Depois de me sentir uma puta barata, só posso dizer que não dá mais e vou mudar de postura. Não discutirei, não chorarei... Prefiro dar risada e entrar na dança. Às vezes a loucura é a melhor saída. Nada nesse mundo tem sentido mesmo, nessa sociedade...

Se cortaram meu coração em pedaços, só digo que sou eu que irei devorá-lo...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Ternura e delirios

Eu passei uma vida inteira tentando endurecer corpo e coração.
Passei uma existência construindo muralhas.
Construí uma torre alta, cercada de espinhos. É lá que guardei o que eu tenho de mais precioso.

Aprendi a ser assim, dura na queda. Dura. Fechada. Mas o custo foi muito alto. Quando resolvi guardar o meu tesouro, escondi também a menina adolescente que tinha. A menina que se encantava com tudo. Eu era uma menina que não tinha medo e por isso me punha a correr por caminhos desconhecidos. Era menina e tinha como amiga a ternura...

As circunstancias não são das mais amigas. e mesmo assim, eu to na tentativa de recuperar a menina e seu tesouro. Nessa empreitada, eu tenho uma amiga como conselheira e guia. Me pergunto se ela sabe como ela é incrível e se sabe como eu acho belas as histórias dela.

Essa minha amiga é uma menina em flor. E há tempos que eu penso que preciso aprender muito com ela. Aprender na imperfeição dela, juntando nossas imperfeições na tentativa de viver. Porque viver é imperfeito - e o imperfeito é lindo.

domingo, 17 de julho de 2011

Não é para ter sentido, é para ser vida.

Humor e desespero unidos em um momento
Entre o grito e o riso eu sigo
Será importante o que eu sinto
Fora da pessoa que eu sou?

A vida me parece nada mais do que arte barroca
Extremos sempre se entrelaçando,
laçadas mal feitas não pedidas.

Não é para ter sentido, é para ser vida.
A vida não tem sentido
e problema é do homem se este lhe tenta dar sentido.

A vida não tem sentido, tem desejo.
Eu tenho a fé de que no final somos o que desejamos.
(Quando temos desejos)

Mas, e as pessoas que não desejam?
O que são?
Eu não sei.

Eu sou desejo. Ele me toma e me deforma.
Eu sou desejo. Tudo ao seu tempo.
Mas meu tempo vem.
Sempre.

Eu sou potência, vontade de ser.
Vibro por dentro e já não sei
verbalizar o que se passa em mim.

terça-feira, 5 de julho de 2011

A falta de água na Prefeitura de Piracicaba

Hoje, na Prefeitura de Piracicaba, há água do 5º para cima. Para quem não sabe, a Prefeitura está sem água desde sexta-feira. Quando eu digo sem água, eu quero dizer que desde sexta não há como utilizar os sanitários ou lavar as mãos. E, mesmo assim, os funcionários tiveram que trabalhar.

Para mim, essa descoberta (da falta de água) veio na segunda de manhã: a primeira coisa que eu faço quando chego é passar no banheiro e lavar as mãos (hábito de quem utiliza tranporte público). Como sempre, eu coloquei sabão na mão e quando procurei por água não encontrei (ou melhor, encontrei dentro da minha bolsa). ok. Mais tarde, precisei fazer xixi - e não tive outra alternativa a não ser urinar em cima do xixi de um estranho. Quando eu fiz isso pela manhã, foi nojento. Mas, aceitei a precariedade da situação e sem outra opção fiz mesmo. Mas, por volta das 13 horas, quando precisei utilizar o banheiro novamente, a situação estava insuportável. Olha, eu até tentei, viu, mas, a vontade era de vomitar.

A minha situação foi essa, mas a precariedade não para por aí. Hoje de manhã eu soube que ontem, no final da tarde, veio um caminhão pipa na prefeitura. Adivinhem o que aconteceu? As mulheres da limpeza foram obrigadas a pegar com baldes a água para poderem limpar o prédio (principalmente os banheiros - porque o mal cheiro destes antes mesmo do meio-dia de ontem era insuportável e invadia os ambientes ao lado). Digo obrigadas mesmo - porque imagina ter que trabalhar assim - mas, como são tercerizadas, o medo de perder o emprego é grande.

Para os funcionários (concursados, tercerizados ou mesmo comissionados), não há falta maior de estimulo do que isso: esse descaso com o nosso bem-estar.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

As melhores musicas de um álbum, as melhores pessoas de nossas vidas

Eu não sei se isso acontece com todo mundo, mas quando eu compro um cd, sempre tem uma musica que de cara eu acho super legal. Mas, depois de um tempo (um tempo de uma semana ou meses - nunca dá para determinar esse tempo), eu acabo me apaixonando por outra música que de início eu nem havia escutado direito. Que de início, eu nem achava legal. E no fim das contas, é a música que mais escuto. Repetitivamente. É a que eu escuto sempre antes das outras.

As melhores músicas que cheguei a conhecer foram justamente aquelas que por último notei. São canções nada obvias, especiais, viciantes...

Aí, eu me questiono, e quando se trata de pessoas: como conhecemos as pessoas que se tornam essências em nossas vidas?

domingo, 5 de junho de 2011

"Pergunte pr'o seu Orixá, o amor só é bom se doer"

"Pergunte pr'o seu Orixá
O amor só é bom se doer"

(Vinicius de Moraes)

Toda menina um dia sonhou
com príncipe encantado e amor
Mas neste mundo que mais parece uma peça de teatro
Quem consegue ficar com o sapatinho de cristal intacto?

Sapato se quebra, a menina já era
Então ela veste a máscara mulher
e finge que viver essa ciranda é tudo o que quer

Diz talvez, diz não
Nega interesse, nega desejo
nega o tesão
Põe na gaveta o coração
Põe o corpo em negociação

Menina e coração perdidos dentro da mulher
e ela mesma já não sabe quem é
se põe no alto, intocável por qualquer sentimento
dor, decepção, loucura, tristeza, amor, medo...

Amor?
Como amar evitando a dor?

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Porque era ela, porque era eu (desejo, atração e amor)

"Eu não sabia explicar nós dois
Ela mais eu
Porque eu e ela
Não conhecia poemas
Nem muitas palavras belas
Mas ela foi me levando pela mão
Íamos todos os dois
Assim ao léo
Ríamos, choravamos sem razão
Hoje lembrando-me dela
Me vendo nos olhos dela
Sei que o que tinha de ser se deu
Porque era ela
Porque era eu"

(Porque era ela, porque era eu - Chico Buarque)



Ontem, conversando com uma amiga, cheguei à conclusão de que aquilo que nos atraí às vezes é diferente do que realmente desejamos. E, aquilo que idealizamos é diferente do que amamos. Porque na verdade, como dizia um poeta,"porque era ela, porque era eu" explica o amor. Simples (ou complicado) assim.

Ontem, eu botei no papel o "homem perfeito" (perfeito para mim, porque, diga-se de passagem, o homem perfeição deve ser um chato - eu apenas expliquei aquilo que me agrada e que se encaixa em mim). Inteligente e sensivel já é um requisito que exclui quase toda a população masculina. E ainda por cima tenho lá outras idealizações (construções dos meus antigos relacionamentos somado à delírios cotidianos). Mas, o engraçado é que eu sei que para que eu ame nada disso é necessário. E, às vezes, aparecem tantos desse "homem perfeito" e nada dentro de mim queima por eles...

domingo, 22 de maio de 2011

Limão, meu amigo

Limãozinho do meu coração
Que guarda um doce em seu sabor
Sabor doce escondido para espantar
quem não merece seu amor.

Limãozinho do meu coração
Não exprema a casca procurando suco
Porque é a casca que azeda a caipirinha
Seja assim então limonada suiça

Limão, limãozinho, meu irmão, meu amigo
o mundo é cinza e apenas os sonhos são coloridos
O que torna o mundo lindo é nossa construção do mundo.
Nossos amigos, nossa realização de desejos e sonhos.
O que torna tudo lindo é se chegar a ser o que se é.
Intensamente, sem trair a si mesmo, sem desistir de si mesmo.

(poema prum amigo pessimista, companheiro de barco)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Compaixão (A insustentável leveza do ser)

"Todas as línguas derivadas do latim formam a palavra “compaixão” com o prefixo com — e a raiz passio, que originalmente significa “sofrimento”. Em outras línguas, por exemplo em tcheco, em polonês, em alemão, em sueco, essa palavra se traduz por um substantivo formado com um prefixo equivalente seguido da palavra “sentimento” (em tcheco: soucit; em polonês: wspol-czucie; em alemão: Mitgefühl; em sueco: med-känsla).

Nas línguas derivadas do latim, a palavra compaixão significa que não se pode olhar o sofrimento do próximo com o coração frio, em outras palavras: sentimos simpatia por quem sofre. Uma outra palavra que tem mais ou menos o mesmo significado: piedade (em inglês pity, em italiano pietà, etc.), sugere mesmo uma espécie de indulgência em relação ao ser que sofre. Ter piedade de uma mulher significa sentir-se mais favorecido do que ela, é inclinar-se, abaixar-se até ela.

É por isso que a palavra compaixão inspira, em geral, desconfiança; designa um sentimento considerado de segunda ordem que não tem muito a ver com o amor. Amar alguém por compaixão não é amar de verdade.

Nas línguas que formam a palavra compaixão não com a raiz “passio: sofrimento”, mas com o substantivo “sentimento”, a palavra é empregada mais ou menos no mesmo sentido, mas dificilmente se pode dizer que ela designa um sentimento mau ou medíocre. A força secreta de sua etimologia banha a palavra com uma outra luz e lhe dá um sentido mais amplo: ter compaixão (co-sentimento) é poder viver com alguém sua infelicidade, mas é também sentir com esse alguém qualquer outra emoção: alegria, angústia, felicidade, dor. Essa compaixão (no sentido de soucit, wspol-czucie, Mitgefühl, med-känsla) designa, portanto, a mais alta capacidade de imaginação afetiva — a arte da telepatia das emoções. Na hierarquia dos sentimentos, é o sentimento supremo."

(A insustentável leveza do ser - Milan Kundera)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Ela desatinou

"Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias
Os dias sem sol raiando e ela inda está sambando
Ela não vê que toda gente, já está sofrendo normalmente
Toda a cidade anda esquecida, da falsa vida, da avenida
(...)
Quem não inveja a infeliz, feliz
No seu mundo de cetim, assim,
Debochando da dor, do pecado
Do tempo perdido, do jogo acabado"

(Ela desatinou - Chico Buarque)

Se minha vida fosse um filme, sem sombra de duvida que a trilha sonora seria feita pelo Chico Buarque. Canções que me acompanham desde a minha primeira decepção amorosa até o meu último amor. Felicidade e tristeza, tudo na voz dele. Ele cantava... e eu dançava.

domingo, 15 de maio de 2011

Insônia ( desabafo noturno)



A verdade é que minha insônia é causada pelo meu descontentamento. Não conseguir dormir quando a noite cai é fruto da minha angustia.

Quem me vê, pode pensar que tenho tudo para ser feliz. Mas tenho demais para ser feliz. A felicidade é dada para os que pouco têm, para os que pouco sentem e pouco pensam.

O problema é que estou cansada de me decepcionar com as pessoas. Não me decepciono porque elas não são cópias perfeitas de mim mesma. Isso seria muito chato. Odeio gente que concorda com tudo o que eu digo. Pessoas que tentam me conquistar tentando passar a idéia de que são aquilo que elas pensam que eu acharia perfeito. Não gosto da perfeição. A pessoa mais perfeita que conheci era dona dos defeitos que menos gosto.

O problema é que não sou como os outros, não me sinto como os outros e não quero o que qualquer um gostaria de ter. O que gostariam de ser. As pessoas pensam em ser alguma coisa hoje em dia?

O problema é que eu não penso em casamento e em filhos. O problema é que às vezes nem eu mesma sei o que quero.

Porque tu sabes que é de poesia minha vida secreta.

"Porque tu sabes que é de poesia
Minha vida secreta. Tu sabes, Dionísio,
Que a teu lado te amando,
Antes de ser mulher sou inteira poeta.
E que o teu corpo existe porque o meu
Sempre existiu cantando. Meu corpo, Dionísio,
É que move o grande corpo teu

Ainda que tu me vejas extrema e suplicante
Quando amanhece e me dizes adeus."

(Hilda Hilst)

Uma das coisas mais lindas que ouvi

"Certas canções que ouço
Cabem tão dentro de mim
Que perguntar carece
Como não fui eu que fiz?

Certa emoção me alcança
Corta-me a alma sem dor
Certas canções me chegam
Como se fosse o amor"

(Certas Canções, Milton Nascimento)


Uma das coisas mais lindas que eu ouvi foi "A escola não tem graça sem você". Ficar doente pela primeira vez teve graça e eu não tinha nem dez anos. E, ele era meu melhor amigo.

Quando eu tinha 20 anos, me cantaram uma canção e me disseram que eu era linda. O mais lindo não era saber que me achavam linda, mas sim saber o porquê que eu era linda. Simples assim, numa canção. E aquela musica, que sempre ouvi e nunca achei graça, tem desde então todo um sabor especial. Eu não sabia, mas estava apaixonada.

Hoje ouvi uma coisa linda também, mas isso, é segredo meu.

...

Às vezes, me questiono se essas palavras serão lembradas por quem as pronunciou. Se os meus momentos especiais, são os momentos especiais deles

...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Estudo. Dificuldade. Literatura.

Chegou hoje o livro que encomendei: "História.Ficção.Literatura", do Luiz Costa Lima. Li quinze páginas e estou com medo. Senti uma certa dificuldade em entendê-lo. Li e tive que reler para ter certeza que entendi o que estava contindo naquelas linhas. Palavras fora do meu vocabulário: algumas. Conceitos que desconheço: alguns.

Medo. Já li livros mais difíceis que esse. E eu era bem mais nova...

(às vezes eu me repreendo, porque acho que não estou utilizando meu cérebro de forma adequada...)

O jeito é lembrar de quando eu era mais nova (e mais aplicada): a dificuldade de leitura é inicial. Eu irei vencer essa dificuldade e lerei as 400 páginas do livro. Ponto.

p.s.: esse é o livro foi indicado como leitura para o próximo encontro de um grupo de estudos que quero participar na faculdade...)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sem Titulo

(ou o que poderia ser um poema)

Tinta que me pinta os lábios
Tinta que esconde meus traços
Tecido que veste minha nudez
Vinho que me desperta aquilo que não sei

Primeiro raio de lua que me pinta o desejo
Acordes que no corpo me depositam um beijo
Vou no tom, vou no compasso perfeito

De salto em salto me encontro
Realizo piruetas no intuito de descobrir
aquilo que só eu sei o modo
o caminho que ninguém pode me seguir

terça-feira, 3 de maio de 2011

Walter Benjamim

Sabe um cara que você sempre ouve falar mas nunca leu nada dele? Sempre citado? Na minha vida, está sendo o Walter Benjamin. É no livro que estou utilizando pro meu tcc, é na palestra que assisto, é em um livro que fala sobre a Pagu....


"em cada época, é preciso arrancar a tradição ao conformismo, que quer apoderar-se dela (...) O dom de despertar no passado as centelhas da esperanças é privilégio exclusivo do historiador convencido de que também os mortos não estão em segurança se o inimigo vencer."

(Walter Benjamim)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Experiência segundo Heidegger (citação)

"[...] fazer uma experiência com algo significa que algo nos acontece, nos alcança; que se apodera de nós, que nos tomba e nos transforma. Quando falamos em “fazer” uma
experiência, isso não significa precisamente que nós a façamos acontecer, “fazer” significa aqui: sofrer, padecer, tomar o que nos alcança receptivamente, aceitar, à medida que nos submetemos a algo. Fazer uma experiência quer dizer, portanto, deixar-nos abordar em nós próprios pelo que nos interpela, entrando e submetendo-nos a isso. Podemos ser assim transformados por tais experiências, de um
dia para o outro ou no transcurso do tempo"

(Heidegger)

domingo, 24 de abril de 2011

Coisas Frageis / Eu tenho um amigo...

"Enquanto escrevo isto, me ocorre que a peculiaridade da maioria das coisas que consideramos frágeis é como elas são, na verdade, fortes. Havia truques que fazíamos com ovos, quando crianças, para demonstrar que eles são, apesar de não nos darmos conta disso, pequenos salões de mármore capazes de suportar grandes pressões, e muitos dizem que o bater de asas de uma borboleta no lugar certo pode criar um furacão do outro lado de um oceano. Corações podem ser partidos, mas o coração é o mais forte dos músculos, capaz de pulsar durante toda a vida, setenta vezes por minuto, não falhando quase nunca. Até os sonhos, que são as coisas mais intangíveis e delicadas, podem se mostrar incrivelmente difíceis de matar.

Histórias, assim como pessoas, borboletas, ovos de aves canoras, corações humanos e sonhos, tmabém são coisas frágeis, feitas de nada mais forte ou duradouro do que 26 letras e um punhado de sinais de pontuação. Ou então são palavras no ar, compostas de sonhos e ideias - abstratas, invisíveis, sumindo no momento em que são pronunciadas -, e o que poderia ser mais frágil que isso? Mas algumas histórias, pequenas, simples, sobre gente embarcando em aventuras ou realizando maravilhas, contos de milagres de monstros, perduram mais do que todas as pessoas que as contaram, e algumas perduram mais do que as próprias terras onde elas foram criadas."

(Neil Gaiman)




Eu tenho um amigo com quem tive o maior numero de discussões. Nunca discuti muito com meus namorados ou amantes. Mas com esse meu amigo...

Estes dias, minha mãe foi pega de surpresa com minha afirmação bem humorada "eu e ele, bem, a gente precisa ter uma DR urgentemente". Pô, DR? É. Pois é. E eu odeio discutir relação. Aliás, odeio discutir. Fujo de conflitos. E, por fugir de conflitos é que estou adiando há meses aquilo que é urgente. Urgente porque eu amo ele, sinceramente. Urgente porque envolve laços... Urgente porque envolve um amigo perfeito. Perfeito porque ele não é perfeito, mas mesmo assim, até pouco tempo atrás, nós, dois mundinhos totalmente diferentes e imperfeitos, nos comunicávamos bem. Perfeito porque era assim que sabíamos viver nossas diferenças.

...

Toda construção de relações se mantem sobre algo tão incerto que sua fragilidade é a nossa única certeza. Perante esse fato, adiar algo tão necessário que é esta conversa, me parece tão perigoso quanto insensato.

E eu, o que estou fazendo? Eu que sempre me julguei tão sabia, tão sensata? O que estou fazendo por quem eu poderia considerar um irmão de sangue, de tão próximos que somos/erámos?

Resposta: a retardada não está fazendo nada.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Trecho de Tabacaria - Álvaro de Campos

"Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu ,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo.
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando.
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
0 mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num paço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada."

domingo, 17 de abril de 2011

Eu ainda acredito no poder das palavras.

eu sou uma sonhadora, eu ainda acredito no poder das palvras. acredito que chegaremos à algum lugas apenar com palavrar. Acredito no poder de transformação das palavras. A escrita como forma de mudança. A leitura como forma de de-formação. A leitura como forma de libertação.

"Trata-se de pensar a leitura como algo que nos forma (ou nos de-forma e nos trans-forma), como algo que nos constitui ou nos põe em questão naquilo que somos. A leitura, portanto, não é só um passatempo, um mecanismo de evasão do mundo real e do eu real. E não se reduz, tampouco, a um meio de se conseguir conhecimentos."

(Larrosa)

domingo, 10 de abril de 2011

Amantes e Viciados

Amar alguém sempre foi algo que imaginei como especial, sabe? E que estar apaixonada me faria pensar na pessoa amada tanto quanto eu respiro: sempre. Tipo um vicio. Ao mesmo tempo que te destroi, te proporciona os melhores momentos da sua vida. Não é fácil eu me sentir assim, então, quando me vejo assim, viciada, faço de tudo por "ele" - ou tudo aquilo na medida em que meu orgulho me permite fazer. Mas, até que ponto devemos largar tudo por outra pessoa?

...

No fim das contas, eu sempre, sem excessões (até o momento) largo o barco no momento em que vejo que ele não me faz feliz. Seja porque tenta me "dominar", seja porque tem falhas de que eu não posso suportar ou porque simplesmente não sinto nada. Sabe aquele momento em que os dois se olham nos olhos e não tem nada a dizer um pro outro? O momento em que pensar em revê-lo não lhe cause euforia? Eis o momento certo do adeus.

Às vezes, dizer adeus doi. Às vezes (incrivelmente) não. E mesmo assim, eu aceito que só tem uma atitude à ser tomada. Então, é muito difícil entender como há gente que continue relacionamentos por comodidade, carência ou qualquer outro motivo a partir do momento em que o outro nos torna infeliz.

Acho que nunca foi tão apaixonada ao ponto de não saber a hora de largar o vicio...

sábado, 9 de abril de 2011

One Art

Sem sombra de duvidas, o poema que mais gosto:

One Art (Bishop)

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.


--Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Quando nos olhamos num espelho...

"Quando nos olhamos num espelho, pensamos que a imagem que temos diante de nós é exata. Porém, basta nos movermos um milímetro e a imagem muda. Estamos olhando, na verdade, para uma infindável gama de reflexos. Mas às vezes um escritor precisa quebrar o espelho - pois é do outro lado do espelho que a verdade nos encara. Apesar das enormes variáveis existentes, creio que a determinação intelectual destemida, inarredável e feroz, como cidadãos, de definir a verdade real de nossas vidas e de nossa sociedade, é uma obrigação crucial, que cabe a todos nós. Ela é, de fato, imperiosa. Se essa determinação não estiver incorporada à nossa visão política, não teremos esperança de restabelecer o que está quase perdido para nós -a dignidade humana."

(Harold Pinter)

terça-feira, 22 de março de 2011

Eternal Sunshine of the Spotless Mind

"Too many guys think I'm a concept, or I complete them, or I'm gonna make them alive but I'm just a fucked-up girl who's lookin' for my own peace of mind"

Ultimamente!

É curioso essa paz que se instaurou dentro de mim há algum tempo. Paz, felicidade e um intenso desejo de modificar algumas coisas na minha vida. E confesso, meio que emocionada, que essas mudanças já começaram.

Uma delas é a forma que eu estou lidando com o meu desejo de movimento. O desejo de manter o corpo em movimento (e a preocupação com o proprio corpo). Passei um ano inteiro fazendo musculação, e olha, eu gostava, mas ainda não era aquilo que eu precisava.

Meu corpo parece querer gritar para se libertar. E eu não quero conter esse grito. Quero que todo ato corporal seja expressão. Expressão do quê? Do sentimento. Que sentimento? Não é exatamente o meu sentimento, é algo criado por um eu poetico e que confundo como meu na medida em que confundo o eu poetico com o eu Karina.

Eu tenho a necessidade de expressão. Auto-expressão.

E foi-se embora quase toda neura, quase toda birra com o meu corpo. Dane-se os padrões. (é.... regime também dane-se...)

Estou feliz com o meu corpo.

À margem do rio

À margem do rio, ela sentou e riu
à margem da vida, ela se revoltou
à margem da sociedade, acordou.

Ela tinha duas opções:
viver à margem ou viver para agradar os outros.

Ela optou por ser MARGINAL.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

O vazio e o amor

Houve um tempo em que acreditei que o amor bastaria para resolver qualquer problema. Que o amor fosse tudo. Que o amor fosse acabar com o vazio que se faz presente toda noite antes de dormir. Acreditei, com a fé dos religiosos (ou a fé dos desesperados, quem sabe), que alguém me completaria e que esse alguém me bastaria e me faria feliz.

Mas, ninguém se encaixa no vazio que levo no peito. E, por fim, percebi que não quero que ninguém preencha isso em mim, essa inquietação. Mais: descobri que isso não é possivel mesmo. Tentar acabar com isso é tentar se embriagar, querendo viver uma vida sem realmente vive-la, senti-la. É passar por essa existência anestesiado.

O que é uma vida sem revolta, inquietação ou angustia? Só alguém insensivel para viver assim, pois ser sensivel é antes de tudo saber viver na inquietude. É saber lidar com o que nos toca, nos emociona.

Ainda acredito no amor, mas, hoje eu sei mais de mim mesma para saber o que não procurar no amor.

Inquieto mar.

Foi você que me envenenou, e me fez conhecer o significado da palavra vertigem. Foi você quem eu amei. Veneno. Remédio.

E foi você que me trouxe a paz e a tranquilidade. Eu me perdi, e você me encontrou. Me descobri mar, nada calmo como os lagos. Me descobri mar, que se dobra em suas tormentas. Me descobri inquieta, irritante. E hoje, não quero mais a paz de quem se afoga em seus medos e desejos, mas a paz de saber quem sou eu. A paz da auto-aceitação. E tudo isso eu devo a você, que tanto amei e que amante já não é, meu amigo.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Convenção e realidade


"Quando o homem inventou a roda
logo Deus inventou o freio,
um dia, um feio inventou a moda,
e toda roda amou o feio"

(Pircing - Zeca Baleiro)



Quando chegamos a uma determinada idade, não a velhice - mas sim aquela idade em que a maturidade já dá sinais de existência na gente, percebemos que devemos correr atrás mais dos nossos interesses, do que nos faz feliz e nos faz crescer, do que aquilo que é convenção. Muitos confundem convenção com diversão. Para estes muitos, tudo o que eu tenho a dizer é que eles só acham divertido porque nunca procuraram outras formas de viver ou nunca olharam o mundo com seus verdadeiros olhos.

(É estranho pensar que há tanta gente no mundo que não consegue olhar o mundo com seus próprios olhos. Ora, o que enxergamos é fruto de nossa cultura e história. De forma que seria correto dizer que nossa cultura é como um óculos, é uma lente, é algo que fica entre os olhos e o mundo.)

Vive-se numa época em que já foram estabelecidos até o que se considera lazer. Vivo de tal forma confusa que nunca sei, ao certo, se algo que eu quero fazer (lazer), é porque eu quero mesmo ou porque alguém, de forma muito sútil, me convenceu a fazer isso.

Na televisão há a novela. Na novela, há modelos de como é a vida real - ou melhor, como crêem que esta deveria ser. Ou mais, é na televisão em que se há a propagação do modelo de realidade que querem que nós tomemos como nossa. Lazer, moral, sexo; tudo padronizado! E ninguém se pergunta porque as coisas são no jeito que são. Só aceitam.

Nessa padronização do nosso cotidiano, ocorre a padronização do sujeito homem. Não há espaço para a construção da individualidade. Passam-se os dias, os meses, os anos, e tudo permanece igual, sem uma construção, um crescimento real. O que se consegue, no fim das contas, é um exercito de maquinas. Nada mais, nada menos. Todas iguais. Iguais?

Quando algumas pessoas chegam a uma determinada idade, não a velhice - mas sim aquela idade em que a maturidade já dá sinais de existência na gente, percebem que devem correr atrás de tudo, menos a convenção.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Homenagem

E este post vai em homenagem à minha irmã, porque ela é foda.

Ontem quando eu liguei pra ela, saindo do trabalho, para combinarmos de sair, ela me disse que quando chegasse em casa, ela teria uma novidade para me contar. Beleza né, pensei de tudo, meninos, algum achado em promoção (sapatos!) ou sei lá... Só sei que eu não esperava o que ela falou, e até tinha me esquecido de que já havia saido a lista de aprovados da FUVEST: siiim, ela passou. Em biologia. Estou muuuuito orgulhosa.

Pena que ela quer ser é medica. Prestou medicina na UNESP e na UNICAMP, e só prestou biologia na USP porque ela queria ter noção de como é a segunda fase da FUVEST. Ou seja, não sei se ela vai pegar a vaga dela, ou se vai tentar novavemente ano que vem medicina. Mas, independentemente disso, digo que apoio qualquer decisão que ela tomar e que estou muito feliz por ela.


Gi! Parabéns, mulher!!!!!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Eu te amo (?)

"Como tenho me encontrado
Como tenho descoberto
A sombra leve da morte
Passando sempre por perto
E o sentimento mais breve
Rola no ar e descreve

A eterna cicatriz
Mais uma vez
Mais de uma vez
Quase que fui feliz

A barra do amor é que ele é meio ermo
A barra da morte é que ela não tem meio-termo"

(Meio-Termo, Elis Regina)

Há um meio-termo para a nossa doença? Há como voltar no tempo em que não se existia esse querer, essa necessidade? Não sei, não me parece amor. Essa nossa necessidade um do outro, essa fome, essa gula. Amor?

Mas é assim, nas suas palavras, que encontro paz. Suas palavras são meu porto, são elas que apagam toda a indelicadeza da realidade da minha vida. A minha fome é bem mais por suas palavras do que por seu corpo. Suas palavras são o meu prêmio, prêmio recebido entre carícias e lençóis. Antes e depois da dissolução de nossos corpos. Suas palavras...

"Eu te amo?" é a grande questão que eu não consigo responder.

domingo, 30 de janeiro de 2011

E morreu o encanto, simplesmente morreu.

Sabe, nunca imaginei que as coisas aconteceriam da forma que de fato ocorreram. Imaginei que eu iria perder o controle de minhas emoções, e gritaria, ficaria vermelha e faria muitas acusações. Porque foi-se quebrado meus ideais mais sinceros e profundos. Embora eu mesma nem sempre tenha sido sincera como eu gostaria de ter sido e como eu prezo em todas as relações...
Imaginei que ouviria acusações piores das que eu fizera e que tudo seria pior do que estava. E que eu ficaria angustiada.

Nunca imaginei que me conteria, que esqueceria ressentimentos. Que aparentemente eu tivesse aquilo que imaginei como certo depois do fim. Fim do quê? Você sabe do que. Do amor, do respeito, da relação. Sabe, eu creio que após os términos de grandes amores não há como existir apenas um grande vazio e vamos esquecer o que hoje é passado. Afinal, existia alguma coisa e alguma coisa sempre existirá, correto? Acredito em amizades sinceras. Mas, parece que muitos poucos concordam comigo, ex-amantes amigos? Ah, mulher, não delira!

Sei lá... O cheiro dele não é mais o mesmo, não se parece com o cheiro que guardava dele na memória, se misturou com outros cheiros... E morreu o encanto, simplesmente morreu. Mas algo ficou... Carinho? Não sei, não sei... Mas de qualquer forma, ele ainda me faz rir como ninguém...

domingo, 23 de janeiro de 2011

Cartas

Finalmente, no calor que faz todo verão no meu quarto, rasguei todas as nossas fotos. Sem dor. Sem saudade. Fui feliz? Creio que sim, mas, agora isso me é indiferente. Como pode, não? Naquela época, quando eu não era nada mais do que uma mulher que mal acabara de deixar de ser menina, eu disse que amava. Desesperadamente. Profundamente. Totalmente. E hoje, esse vazio.

Rasguei e não sinto sua falta... Mas, às vezes, eu sinto falta da menina que eu era. Lápis preto era tudo o que eu conhecia de maquilagem e minha unha estava sempre curta. Cor de esmalte? Preto ou vermelho, só. Nem me importava se o esmalte lascava ou se o all star estava muito velho. Livro, caderno e pasta de desenho eram meus companheiros inseparáveis...

Mas, tudo isso faz muito tempo e hoje tudo é diferente...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Fera Ferida (ou Construindo Relações)

"O terceiro me chegou como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada também nada perguntou
Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não
Se instalou feito posseiro, dentro do meu coração"

(Teresinha - Chico Buarque)

Eu sou meio bicho do mato. Sou desconfiada. Demoro para confiar nas pessoas, demoro para me abrir. Tenho medo de amar. Sabe, a gente se instrui, lê bons livros, questiona o amago do ser humano, curte um bom vinho, e para quê? Para ter o coração partido pelo primeiro idiota que aparecer na sua frente? Não, isso não dá muito certo comigo.

Toda conquista, toda REAL conquista, leva tempo. É necessário um tempo para me desarmar para que eu possa amar. É necessário eu ser cativada.

Uma raposa uma vez me disse que cativar cria uma relação de necessidade do outro. É disso que eu tenho medo! De sentir a necessidade do outro! E a angustia que causa a ausência do outro... Por isso, nunca espero ser cativada. Ou melhor, não quero ser cativada.

Às vezes, por causa destes medos, me fecho quando devo me abrir. Fujo quando deveria ficar, e desisto quando deveria lutar. Contenho um elogio, guardo para mim o meu sorriso. Deixo para depois um abraço ou qualquer demonstração de afeto.

Só serei amante completa, cúmplice e amiga quando me sentir segura... Quando eu for cativada... Mas, como se sentir segura em um mundo em que as relações humanas são tão efêmeras?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Homem ciumento

Desconfia do amigo, do primo, do vizinho, do trausente que passa na rua... Você diz tudo, não esconde nada. Você é sincera. "Amor, vou tomar um café com fulano" e o homem fica rubro, diz tudo o que não existe e imagina absurdos... Homem ciumento é um porre.

Homem ciumento tem imaginação pra dar e vender. Poderia ser escritor, roteirista de novela...

domingo, 9 de janeiro de 2011

Timidez

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.

(Cecilia Meireles)