domingo, 30 de janeiro de 2011

E morreu o encanto, simplesmente morreu.

Sabe, nunca imaginei que as coisas aconteceriam da forma que de fato ocorreram. Imaginei que eu iria perder o controle de minhas emoções, e gritaria, ficaria vermelha e faria muitas acusações. Porque foi-se quebrado meus ideais mais sinceros e profundos. Embora eu mesma nem sempre tenha sido sincera como eu gostaria de ter sido e como eu prezo em todas as relações...
Imaginei que ouviria acusações piores das que eu fizera e que tudo seria pior do que estava. E que eu ficaria angustiada.

Nunca imaginei que me conteria, que esqueceria ressentimentos. Que aparentemente eu tivesse aquilo que imaginei como certo depois do fim. Fim do quê? Você sabe do que. Do amor, do respeito, da relação. Sabe, eu creio que após os términos de grandes amores não há como existir apenas um grande vazio e vamos esquecer o que hoje é passado. Afinal, existia alguma coisa e alguma coisa sempre existirá, correto? Acredito em amizades sinceras. Mas, parece que muitos poucos concordam comigo, ex-amantes amigos? Ah, mulher, não delira!

Sei lá... O cheiro dele não é mais o mesmo, não se parece com o cheiro que guardava dele na memória, se misturou com outros cheiros... E morreu o encanto, simplesmente morreu. Mas algo ficou... Carinho? Não sei, não sei... Mas de qualquer forma, ele ainda me faz rir como ninguém...

domingo, 23 de janeiro de 2011

Cartas

Finalmente, no calor que faz todo verão no meu quarto, rasguei todas as nossas fotos. Sem dor. Sem saudade. Fui feliz? Creio que sim, mas, agora isso me é indiferente. Como pode, não? Naquela época, quando eu não era nada mais do que uma mulher que mal acabara de deixar de ser menina, eu disse que amava. Desesperadamente. Profundamente. Totalmente. E hoje, esse vazio.

Rasguei e não sinto sua falta... Mas, às vezes, eu sinto falta da menina que eu era. Lápis preto era tudo o que eu conhecia de maquilagem e minha unha estava sempre curta. Cor de esmalte? Preto ou vermelho, só. Nem me importava se o esmalte lascava ou se o all star estava muito velho. Livro, caderno e pasta de desenho eram meus companheiros inseparáveis...

Mas, tudo isso faz muito tempo e hoje tudo é diferente...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Fera Ferida (ou Construindo Relações)

"O terceiro me chegou como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada também nada perguntou
Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não
Se instalou feito posseiro, dentro do meu coração"

(Teresinha - Chico Buarque)

Eu sou meio bicho do mato. Sou desconfiada. Demoro para confiar nas pessoas, demoro para me abrir. Tenho medo de amar. Sabe, a gente se instrui, lê bons livros, questiona o amago do ser humano, curte um bom vinho, e para quê? Para ter o coração partido pelo primeiro idiota que aparecer na sua frente? Não, isso não dá muito certo comigo.

Toda conquista, toda REAL conquista, leva tempo. É necessário um tempo para me desarmar para que eu possa amar. É necessário eu ser cativada.

Uma raposa uma vez me disse que cativar cria uma relação de necessidade do outro. É disso que eu tenho medo! De sentir a necessidade do outro! E a angustia que causa a ausência do outro... Por isso, nunca espero ser cativada. Ou melhor, não quero ser cativada.

Às vezes, por causa destes medos, me fecho quando devo me abrir. Fujo quando deveria ficar, e desisto quando deveria lutar. Contenho um elogio, guardo para mim o meu sorriso. Deixo para depois um abraço ou qualquer demonstração de afeto.

Só serei amante completa, cúmplice e amiga quando me sentir segura... Quando eu for cativada... Mas, como se sentir segura em um mundo em que as relações humanas são tão efêmeras?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Homem ciumento

Desconfia do amigo, do primo, do vizinho, do trausente que passa na rua... Você diz tudo, não esconde nada. Você é sincera. "Amor, vou tomar um café com fulano" e o homem fica rubro, diz tudo o que não existe e imagina absurdos... Homem ciumento é um porre.

Homem ciumento tem imaginação pra dar e vender. Poderia ser escritor, roteirista de novela...

domingo, 9 de janeiro de 2011

Timidez

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.

(Cecilia Meireles)