quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sujo, feio e malvado

Eu acredito que se nós idealizamos as pessoas, de certa forma, isso é culpa delas mesmas. Elas não querem mostrar a pior face, querem nos cativar e vestem máscaras, criam personagens. Quem pode culpar alguém por idealizar outro ser sem se condenar por fingir ser o que não é?

...

Estou cansada de interpretar peças, de viver sempre personagem e de nunca se eu mesma. Cansei de ser educada, de viver sempre seguindo convenções, de ser uma boa menina. Cansei de ser enganada. Não quero idealizar ninguém. Não quero endeusar homem nenhum. Desejo o animal no homem. Se o homem é perverso, eu quero ver sua maldade. Eu quero o cinema realista italiano. Sujo, feio e malvado.

Simples e suave coisa


"A um certo modo de olhar, há um jeito de dar a mão, nós nos reconhecemos e a isto chamamos de amor. E então, não é necessário o disfarce: embora não se fale, também não se mente, embora não se diga a verdade, também não é necessário dissimular. Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões. Há os que voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor."

(Clarice Lispector)

Uma vez, me falaram que o fantasma de nossos relacionamentos passados pode atrapalhar nossos presentes relacionamentos. Ou melhor, nosso passado nos condena. Quando ouvi isso só pude responder de uma forma. "Eu acredito no amor. O amor salva tudo. E, quando a gente ama, a gente perdoa e aceita os erros dos outros. Um relacionamento nunca é perfeito, não há relações perfeitas." Esperamos tanto do amor. Teorizamos tanto sobre essa simples e suave coisa. ("Suave coisa nenhuma.") Eu teorizo. E nem sei mais no que acreditar.

Quando eu era mais nova acreditava no que Nelson Rodrigues disse sobre o amor: que se amor acabava, não era amor. Teorizei muito, para depois desconstruir tudo depois. Tijolo por tijolo. Idealizei e tive medo. E mesmo assim, amei.

O meu maior choque não foi odiá-lo por um segundo e depois, amá-lo mais. O meu maior choque foi quando, do nada, da mesma forma que me apaixonei, descobri que não o amava mais.

Olhei nos olhos dele e já não restava nada.

domingo, 26 de setembro de 2010

Desabafo




Quanto mais o tempo passa, menos eu posso evitar de ser eu. É um fogo que me queima por dentro e abala o meu bom senso. Quanto mais o tempo passa, mais estou cansada de jogar.Cansada de ser adulta, de dissimular. De fazer tudo à contagota, até mesmo de amar. Não sou bela paisagem que existe para ser admirada. Não sou um anjo virginal que não deve ser tocado. Sou o que sou, um animal, visceral...Passional.

Penso e desejo. E o desejo, é o que eu tenho de mais humano. É alguma coisa inexplicavel que vive no meu amago. Desejar é lembrar de quando se era criança. Criança não tem medo, vai atrás do quer, sem saber se irá alcançar o desejado ou se irá sofrer. As crianças são mais sinceras, elas vivem - não sobrevivem. Adultos sobrevivem. Às vezes, acho que pensamos de mais(vivemos de menos). Pensamos no passado e no futuro, nunca no presente.

Eu mesma, com todos os meus ideais... Nem sei se vivo. Há muito, pensei que havia rompido com tudo aquilo que não concordava, mas no fundo, para o meu desespero, sou uma moralista. Sou contradição.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Eu e meu peso: uma questão absurda e mal resolvida




Não tenho nada profundo para dizer. Não falarei de amor e dos laços que estou construindo e dos nós que estou desmanchando.

E na realidade, há tanta coisa importante para ser pensada e eu só estou preocupada com o meu peso. Não estou preocupada com meu destino academico. Não reclamo mais da falta de tempo para livros, quadrinhos e filmes. Estou obcecada pela questão peso. Pelo meu peso. Pelo peso que não quero ter.

Primeiro tentei pensar como é que não emagreço. Não como muito, pratico atividades fisícas regularmente. Frequento academia.

Depois pensei em como eu era idiota quando era mais nova em ficar comprando mil e uma camisetas curtinhas.... Desde aquelas que mostram uma pequena faixa da barriga à aquelas que só tampavam apenas o que era necessário ser escondido (os seios). Idiota porque eu nunca pensei que iria engordar. Tá, eu não era idiota. Era adolescente. E me vestia como uma.

...


No final das contas eu não sei o que é mais absurdo, o meu peso ou eu pensar que estou gorda. Estou neurôtica, e pior que isso é que não estou focando as neuras para o alvo certo...


p.s.: porque eu não falo de filme em vez de falar de peso????

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

E com pimenta.

Eu não entendo os homens. E acho que nunca irei entender. Algumas situações são tão visivelmente ridículas, que não vejo porque provocá-las...

Já é conversa batida de que homem não presta e de que nós mulheres somos umas santas, umas pobres coitadas que sempre caímos na lábia deles(em alguns casos, para alguns homens, parece que há somente as santinhas e as piriguetes...). Mentira. Tudo bem que tem homem que não presta, mas também tem mulheres que não prestam. A diferença é que nós mulheres, quando queremos, somos boas atrizes. Então, embora não espere nenhuma especie de santidade envolvendo esse gênero, eu ainda me revolto com algumas situações.

No último final de semana, eu fiquei hospedada na casa do meu pai. No prédio, há uma pequena e debilitada acadêmia. Eu, na minha atual situação, resolvi que seria muito bom ficar um tempo na bicicleta. E lá fui eu, acompanhada na minha fiel escudeira, minha irmã. Chegando lá, havia um rapaz que estava pegando peso. Eu na minha, conversando com a Gi, e ele lá com os pesinhos dele gemendo. Não sei se para ele malhar é algo super prazeroso ou se ele estava simulando gritinhos de prazer por causa da nossa presença... Só sei que depois de um tempo, estávamos conversando, eu e ele (minha irmã tinha ido pegar água, à pedido dele, numa outra parte do prédio) e ele me vem com uma conversa de que a namorada dele vive dizendo que estava cansada e acaba não “comparecendo”. Ele então conclui que se alguém está a fim de transar com ele e a namorada dele não, por que não transar? Eu respondi que não era por aí e estava quase destrinchando meu papo de como a sinceridade num relacionamento é importante e coisa e tal, quando a namorada dele chegou. Bonito, né?

Aquele papo todo me soou como “eu quero sexo” (me desculpe quem pensar ao contrário, mas foi a ideia que ele me passou, principalmente porque toda hora parecia que ele tinha que mexer no amiguinho dele, tava sem camisa e ficou botando o bedelho no meu treino), como se essa “necessidade” fosse inerente do sexo masculino e de que alguém teria que saná-la. Pouco importa se ele assumiu certos compromissos, se ele prometeu coisas. Pouco importa o amor, um relacionamento saudável e o companheirismo. Então eu me pergunto, para que namorar se não for entrar nele de cabeça?

Tudo bem. Eu não sou uma boa menina, nunca fui. E, como uma amiga minha disse, eu não sou do tipo que namora. E sabe o por quê? Porque eu me conheço bem, porque eu sou sincera e no momento faço as coisas como me “dá na telha”. Porque quando eu quiser namorar, vou honrar esse compromisso, porque serei cegamente leal e companheira. Porque eu não mentirei. E, porque, não quero viver uma peça de teatro, bem ou mal interpretada. Eu quero a realidade. Nua, crua. E com pimenta.