domingo, 24 de abril de 2011

Coisas Frageis / Eu tenho um amigo...

"Enquanto escrevo isto, me ocorre que a peculiaridade da maioria das coisas que consideramos frágeis é como elas são, na verdade, fortes. Havia truques que fazíamos com ovos, quando crianças, para demonstrar que eles são, apesar de não nos darmos conta disso, pequenos salões de mármore capazes de suportar grandes pressões, e muitos dizem que o bater de asas de uma borboleta no lugar certo pode criar um furacão do outro lado de um oceano. Corações podem ser partidos, mas o coração é o mais forte dos músculos, capaz de pulsar durante toda a vida, setenta vezes por minuto, não falhando quase nunca. Até os sonhos, que são as coisas mais intangíveis e delicadas, podem se mostrar incrivelmente difíceis de matar.

Histórias, assim como pessoas, borboletas, ovos de aves canoras, corações humanos e sonhos, tmabém são coisas frágeis, feitas de nada mais forte ou duradouro do que 26 letras e um punhado de sinais de pontuação. Ou então são palavras no ar, compostas de sonhos e ideias - abstratas, invisíveis, sumindo no momento em que são pronunciadas -, e o que poderia ser mais frágil que isso? Mas algumas histórias, pequenas, simples, sobre gente embarcando em aventuras ou realizando maravilhas, contos de milagres de monstros, perduram mais do que todas as pessoas que as contaram, e algumas perduram mais do que as próprias terras onde elas foram criadas."

(Neil Gaiman)




Eu tenho um amigo com quem tive o maior numero de discussões. Nunca discuti muito com meus namorados ou amantes. Mas com esse meu amigo...

Estes dias, minha mãe foi pega de surpresa com minha afirmação bem humorada "eu e ele, bem, a gente precisa ter uma DR urgentemente". Pô, DR? É. Pois é. E eu odeio discutir relação. Aliás, odeio discutir. Fujo de conflitos. E, por fugir de conflitos é que estou adiando há meses aquilo que é urgente. Urgente porque eu amo ele, sinceramente. Urgente porque envolve laços... Urgente porque envolve um amigo perfeito. Perfeito porque ele não é perfeito, mas mesmo assim, até pouco tempo atrás, nós, dois mundinhos totalmente diferentes e imperfeitos, nos comunicávamos bem. Perfeito porque era assim que sabíamos viver nossas diferenças.

...

Toda construção de relações se mantem sobre algo tão incerto que sua fragilidade é a nossa única certeza. Perante esse fato, adiar algo tão necessário que é esta conversa, me parece tão perigoso quanto insensato.

E eu, o que estou fazendo? Eu que sempre me julguei tão sabia, tão sensata? O que estou fazendo por quem eu poderia considerar um irmão de sangue, de tão próximos que somos/erámos?

Resposta: a retardada não está fazendo nada.

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